Jornalista investigativo, o escocês Andrew Jennings |
Acusado na Justiça da Suíça de
receber 15 milhões de reais de propina da agência de marketing esportivo ISL,
quando era da diretoria da Fifa, para facilitar a transmissão de jogos da Copa
do Mundo, Ricardo Teixeira não tem muito do que reclamar da justiça brasileira.
Ele, que diante das pressões
políticas por conta destas acusações renunciou ao cargo de presidente da CBF
que ocupou por 23 anos, jamais foi investigado por isto no Brasil. No Tribunal
Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) - Rio de Janeiro e Espírito Santo -
conseguiu que arquivassem todos os inquéritos em torno do uso, no Brasil, dos
recursos provenientes da propina, o que caracterizaria crime de lavagem de
dinheiro.
Na Justiça do estado ele
contabilizou outra vitória no final de 2012. Em uma decisão publicada, em 22 de
novembro, no Diário da Justiça do Estado do Rio, Teixeira conseguiu condenar o
jornalista inglês Andrew Jennings por danos morais. A condenação está
relacionada à entrevista do inglês ao blog do hoje deputado Romário, em agosto
de 2011, quando classificou Teixeira de corrupto.
Através de seu programa na BBC de
Londres, Jennings foi o primeiro a revelar as investigações do Ministério
Público da Suíça sobre o suborno pago pela ISL a ex-diretores da Fifa,
incluindo os brasileiros Teixeira e seu sogro, João Havelange. Meses depois da
entrevista que deu ao blog, em julho de 2012, a justiça da Suíça confirmou o
processo e as acusações. Mas, isto não beneficiou o inglês na ação movida pelo
ex-presidente da CBF na 3ª Vara Cível da Barra da Tijuca.
Como ele não se manifestou nos
autos, apesar de intimado ao passar pelo Congresso Nacional, em Brasília, foi
considerado revel e, como diz a sentença do juiz Augusto Alves Moreira Júnior,
“revelia induz à presunção de que os fatos narrados pelo autor são verdadeiros,
ou seja, que o conteúdo da entrevista concedida pelo réu era injusto e
ofensivo”.
Para o magistrado, “os danos
morais restaram caracterizados, porque os fatos imputados pelo réu ao autor
abalaram a sua honra bem como a sua imagem perante a sociedade, já que na
aludida reportagem foi mencionado que o autor estaria envolvido em escândalos
de corrupção e teria recebido suborno”.
Com isto, Jennings, teoricamente,
deve a Teixeira R$ 10 mil. Trata-se de um valor irrisório, pois corresponde a
apenas 10% do que o ex-presidente da CBF recebe da entidade como seu assessor
internacional. O ganho maior, é moral, apesar de, para muitos, ser um ganho
duvidoso.
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