UBERLÂNDIA /MG RECONHECE PROFISSIONAIS GAÚCHOS

O Verdão de todos os tempos.


qui, 02/02/12

por Welison Silva |
categoria Ponto de Vista


Esse ano nosso Verdão comemora 90 anos de existência. Para celebrar tal feito honroso, por ter se concretizado como clube profissional de futebol sem jamais ter fechado as portas, decidi montar o time do Uberlândia Esporte Clube de todos os tempos. Estamos abertos e ativos em 90 anos ininterruptos, vivemos tudo que um clube vive, desde títulos e participações no certame nacional, a crises e momentos dramáticos que alimentaram nossa paixão pelo Furacão Verde da Mogiana, que volta e meia chegava em Uberlândia pela Estação de Trem de Ferro da Mogiana, com os herois de verde dando-nos boas notícias, sendo sonoras goleadas no Uberaba Sport, ou grandes vitórias em cima do Fluminense de Araguari.
Pois bem, como participei de 30, dos 90 anos de UEC, procurei montar um time através das informações do meu avô Nilson, que Deus o tenha, de meu pai, e de todos os torcedores que fizeram e fazem parte da história do Verdão. 

Torcedores de todas as idades que tive o privilégio de ouvir, e tenho guardado na memória frases como:
-“Esse jogava muito”, “nunca ví tamanha raça dentro de campo”, ou até mesmo “até hoje não existiu ninguém a altura para essa posição”.

Começo minha escalação do “Verdão de todos os tempos” pelo bom goleiro Moacir. Para ele entrego a camisa de n° 1, por merecimento, e por ter fechado o gol contra o Remo. Meu pai falou que antes da viagem para Belém, depois da vitória de 1 a 0 no Parque do Sabiá, o Moacir levou muitos tapinhas nas costas e ouviu os dizeres: “Moacir, se você não tomar nenhum gol, agente vai ser campeão”. E assim foi.
A camisa 2 entrego ao lateral-direito Luizinho, também do Uberlândia Esporte de 1984. Jogador de grande valor, apoiava pela direita as subidas do ponteiro Geraldo Touro.

Na zaga é impossível não cometer injustiças, pelos gigantes que já usaram as camisas 3 e 4 do UEC, atuando no setor defensivo do Verde. A camisa 3 eu entrego para Dimas, robusto zagueiro da década de 50, que segundo meu avô, em “enxadada” ele levantava o atacante adversário, tirava grama do campo e ainda duas minhocas para a pescaria do dia de folga.

A camisa 4 eu entrego para o Zecão, pela dedicação e amor ao Verde, e pela bola tirada em cima da linha no jogo contra o Remo, no Mangueirão. Aquela bola era pra ser o gol do Remo. Graças a Deus não foi. O título é nosso e o Zecão também.

A camisa 5, indiscutivelmente eu entrego a Neiriberto, médio-volante da década de 60 e 70 e volante do Verdão comandado pelo Evaristo de Macedo. Neiriberto era o tipo de volante que está ameaçado de extinção nos dias de hoje, por ser técnico, habilidoso e jogava de forma elegante.

Na lateral-esquerda entrego, com todo respeito, o manto verde de n° 6 ao Batata, outro herói do título de 1984. Batata passava medo pelo porte físico, pelo bigode, e pela cara de bravo, mas o espírito de liderança e o trato fino com a bola eram destaques impressionantes no seu estilo de jogar.
A camisa 7 eu entrego ao grande ponta-direita Geraldo Touro, que gostava mais de jogar na meia, mas no esquema do técnico Cento e Nove, jogou na ponta, e muito bem. O Geraldo Touro pegava a bola na área do Verdão e partia pelo flanco direito do campo driblando quem pintasse pela frente até chegar na área inimiga.

Seu preparo físico era de um touro mesmo. Quantas vezes passou por quatro ou cinco adversários de uma vez! E só sossegava quando acabava o campo pela direita, pois, sem alternativas, tinha que cruzar a bola para Vivinho conferir. Jogava demais o camisa 7 Geraldo Touro.
A camisa 8 eu entrego a Dante, meia-direita veloz e extremamente habilidoso do inesquecível time de 1979. Aquele time fez história, e o Dante fez história naquele time. A nona colocação no Campeonato Brasileiro de 1979 nos tornou nacionalmente conhecidos.

A camisa 10 tem muitos concorrentes, mas eu entrego a um dos jogadores mais técnicos que o Uberlândia Esporte Clube já teve. Trata-se do fenomenal Fazendeiro. Jogador da década de 60, com potente chute de longa distância, este atacante veloz atuava em várias posições do meio pra frente. Fazendeiro é sempre lembrado pelo apresentador de programa esportivo Milton Neves, que volta e meia provoca o comentarista Neto, o xodó da fiel, dizendo que o Fazendeiro jogou muito melhor do que ele.
O homem gol, camisa 9, matador e artilheiro do time é o homem que dá mais alegria ao torcedor. Como não teve (ainda) alegria maior que o título da Taça CBF de Prata para os fanáticos torcedores alvi-verdes em 84, eu entrego o manto verde de n° 9 ao Vivinho. O golaço que fez contra o Remo merece placa, estátua, homenagens e mais homenagens. Vivinho era o terror!

Como todo time vai do goleiro ao ponta-esquerda,  eu fecho com chave de ouro meu time de “melhores de todos os tempos do UEC”, entregando a camisa 11 para Mairon César, o inesquecível “ponta-esquerda do periquito”, que atuou pelo verde no final da década de 70 ao início da década de 80. Entre as grandes partidas de Mairon César, destaco a sonora goleada do Verde em cima do Santos F.C em 1982. Mairon César era ponta-esquerda liso, marrento, habilidoso, canhoto, e melhor de tudo, prata da casa.
E para colocar as cerejas nesse bolo, preciso eleger o melhor técnico e melhor preparador físico de todos os tempos para domar essas feras. 

O treinador dessa “Seleção Verde” é o Vicente Lage, muito mais conhecido como “Cento e Nove” de 1984, e o preparador físico é Beto Vetromille, do time de 1997, do Verdão da “era nevada” que lotava o velho Juca, dava show e tinha preparo físico invejável. 
O time de 97 não corria, voava em campo.

É lógico que eu não poderia deixar de destacar outros craques, que entrariam facilmente nesse time, como o goleirasso Renato de 1968, o goleiro de sangue verde Ângelo, o meio-campo Fernando, o “pequeno-grandioso” Maurinho, o ponta-esquerda Reis, o super-zagueiro Batista, os centro-avantes natos João Marques, Noé, Haender e Ferreira, o meio-campo Dido e a dupla de ataque Lucianinho e Evandro Brito do timasso de 1997, os laterais Dick e Josimar, que jogavam na mesma posição porém em épocas diferentes, o lateral Dé, apelidado de “a patada atômica” pela potência do chute, o famoso e habilidosíssimo “baixinho” Dirceu Lopes, o ponta direita Gil, o atacante “bad boy” Wilfredo que era o craque irreverente e polêmico, o clássico ponta-esquerda Fernando Diarara, e o atacante Orciano, que com 16 anos já balançava as redes adversárias jogando pelo profissional do UEC.

Montagem: Odilon Reis

Eis então, a escalação do melhor Verdão de todos os tempos:

Moacir, Luizinho, Dimas e Zecão; Batata, Neiriberto, Dante e Fazendeiro; Geraldo Touro, Vivinho e Mairon César. Tec.: Cento e Nove. Prep. Físico: Beto Vetromille.

Bom, esse foi meu time do “Verdão de todos os tempos”

Salve o verde, salve os nossos heróis! Para a glória, com os louros da vitória!



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