É HORA de começar a explicar melhor

Um bom debate , que deveria tomar mais espaço nos programas esportivos, com mesas redondas entre profissionais da medicina esportiva e educadores físicos, relacionados aos esporte, é o confronto entre Faixa Etária, Lastro Fisiológico e Memória Celular.
Isso ajudaria a enriquecer os conteúdos daquilo que são questionados por leigos, afirmados por dirigentes do futebol, e esclarecidos por quem pode melhorar essas orientações.

Abaixo, um trecho de matéria especializada sobre o assunto:

Fisicamente falando, dribles e malícia à parte, o ápice de um jogador ocorre entre os 20 e os 30 anos.

A partir daí, o organismo passa a dar alguns sinais de que é melhor começar a investir na carreira de técnico.

-“Existem vários gargalos de envelhecimento na vida. O primeiro realmente importante ocorre quando a pessoa completa 40 anos; mas a partir dos 30 esse processo já tem início”, afirma João Toniolo Neto, chefe da Geriatria da Universidade Federal de São Paulo.

O fantasma do envelhecimento começa a assombrar os atletas com a perda de massa muscular.

Os culpados são os hormônios anabólicos, responsáveis pela construção e manutenção dos músculos do corpo. Entre os 30 e os 40 anos a produção desses hormônios – como a testosterona, a insulina e o GH, popularmente chamado de hormônio do crescimento – cai e o desgaste do tecido muscular ultrapassa a capacidade do organismo de regenerá-los.

Nas primeiras décadas desse processo – chamado de sarcopenia –, a perda de massa é pequena. Quando alguém chega aos 60 anos, porém, já deixou pelo caminho 25% dos músculos.

Por volta dos 30 anos, a perda ainda é pequena, mas para um atleta profissional pode ser decisiva.

Os primeiros efeitos aparecem nos lances e nos movimentos que dependem de explosão muscular, como a potência na hora do chute, a impulsão vertical e a velocidade de arranque. As chances de lesão também crescem, pois com menos massa muscular as articulações ficam mais vulneráveis.
Numa segunda etapa, por volta dos 40, até a capacidade visual começa a diminuir, já que a musculatura envolvida no sistema ocular também enfraquece. O mais comum nessa época é a perda da visão de perto (presbiopia). Ou seja, lançamentos longos, tudo bem; já as tabelinhas...

Quem resiste mais bravamente à marcação cerrada da sarcopenia é o coração, o que leva os especialistas a assegurarem: nenhum jogador que treine adequadamente precisaria se aposentar antes dos 40 por falta de fôlego.

A explicação é simples: a capacidade de resistência física – aquele gás necessário para correr os 90 minutos – depende mais do funcionamento do coração do que da força nas pernas, que diminui bem antes de o coração cansar de bombear sangue para o corpo todo.

Como a força e a resistência física não regridem na mesma velocidade, a vida útil do jogador também é influenciada pela posição dele em campo. Quanto maior o uso da resistência no lugar da força, maior será a longevidade.

-“Laterais e meio-campistas, teoricamente, tendem a durar mais. Já a carreira de um atacante ou zagueiro seria mais curta”, afirma Turíbio Leite de Barros Neto, fisiologista do São Paulo.

Segundo um levantamento feito por Turíbio, laterais e meias são mais exigidos em relação à resistência física, pois percorrem, em média, 12 quilômetros numa partida contra os 8 quilômetros de atacantes e zagueiros. Por outro lado, beques e candidatos a artilheiros dão quase 50% a mais de piques curtos, em que o fundamental é a força muscular, justamente a aptidão física perdida mais cedo pelo corpo humano.

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